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Eletroestimulação pode substituir a academia?

Atualizado: 20 de jan. de 2022

Quando se trata de temas polêmicos e que não tem defesa ampla pela maioria dos fisioterapeutas, é comum e até esperado, que para as pessoas que não estudam o assunto, ficarem realmente divididas e com muitas dúvidas e sem saber o que seguir como verdade.


Coluna vertebral
Imagem: Freepik

Perguntar-se sobre a substituição dos exercícios na academia pela eletroestimulação muscular, gera, no mínimo, a necessidade de contextualizar e apontar referencias, estudos científicos e principalmente, para o público em geral, detalhar de modo que fique evidente o porquê, quando, onde e como essa substituição e/ou junção, pode ser feita.

Talvez, você leitor, pode se perguntar, caso não tenha tido uma experiência prévia, do que se trata essa tal eletroestimulação?

Vamos começar essa explicação, nos transportando para um passado distante, cerca de 2.750a.C quando as pessoas se submetiam ao contato com peixe elétrico, para provocar analgesia das dores locais, desde então é sabido que as correntes elétricas terapêuticas podem ser usadas para diversos fins e terapias.⁣


No caso da pergunta em questão, sobre a substituição da academia por eletroestimulação, falaremos aqui, mais sobre as correntes elétricas excitomotoras ou eletroneuroestimulação muscular (EENM), muito usadas para melhorar e/ou otimizar a função muscular. Para isso é necessário compreender as diferenças e semelhanças entre o que acontece durante os exercícios na academia e durante a EENM.


Nosso sistema muscular esquelético é composto por alguns componentes com funções bem especificas. Não pretendo esgotar o assunto, nem tão pouco, leva-los a um entendimento demasiado profundo. Mas é interessante saber sobre TRÊS estruturas que são:

FIBRAS MUSCULARES, ARTICULAÇÃO e UNIDADE MOTORA.

Detalharemos cada uma a seguir:


Vamos começar pelas FIBRAS MUSCULARES. Existem 3 tipos de fibras musculares, que são:

Fibra tipo I: São fibras de contração lenta, também chamadas de fibras posturais, apresentam maior resistência a fadiga, porém produzem pouca força.

Fibra tipo IIa: São fibras musculares brancas, ou de contração rápida, com o metabolismo Glico-oxidativo, ou seja, usam as vias aeróbias e anaeróbias para obter energia; são capazes de produzir boa força, com uma excelente resistência no desenvolvimento do trabalho.

Fibra tipo IIb: São chamadas brancas puras, ou seja, as que produzem mais força e que tem seu metabolismo glicolítico puro, fadigam rápido, mas produzem muita força.

Bem, ao analisarmos os tipos de fibras descritos acima, podemos fazer a seguinte associação com os exercícios e com a EENM. Se olharmos as características de cada fibra, vamos perceber onde elas serão mais requisitadas e quais atividades irão recrutar um tipo ou outro, ou mesmo mesclar o recrutamento.

Pegarei o exemplo de um maratonista, este desempenha uma atividade muscular por longo tempo e distancia, logo, terá predominância das fibras tipo IIa e IIb.

É importante destacar a palavra, predominância, visto que não usamos nenhum tipo de fibra isoladamente.

 

Ok, falamos de um tipo de exercício, mas, como entra a EENM, nessa historia? Sabe-se que cada tipo de fibra responde a parâmetros específicos de modulação da corrente excitomotora, portanto, através de ajustes testados e confirmados na literatura, é possível recrutar qualquer um dos três tipos de fibras, e desenvolver um programa de treinamento de acordo com a necessidade do individuo.

Vou dar uma pausa no assunto fibras e vamos detalhar os outros componentes: Articulação e Unidades Motoras.


Articulações: Também conhecidas como junta, é formada pela junção de dois ou mais ossos, onde as articulações moveis são revestidas de cartilagem e incluem bolsas de fluido lubrificante. O importante aqui é saber que as articulações possuem movimento e esse movimento é coordenada, orientada e equilibrada por músculos, tendões, ossos, cartilagem e estruturas neurológicas, fazendo com que o movimento aconteça de forma harmônica e saudável, durante as atividades físicas, e nas atividades de vida diária.


Por fim, falaremos das unidades motoras, o que é uma unidade motora?

Unidade motora é composta por um único neurônio motor alfa e todas as fibras musculares que ele inerva. Existem substancias químicas que são liberadas pelo neurônio motor quando existe um impulso nervoso, e então é gerado alguns eventos dentro da célula muscular resultando em contração ou encurtamento do musculo.

No musculo os neurônios motores alfa enervam as fibras musculares, e estas quando acionadas, realizam a contração, em geral divide-se as unidades motoras em 3 características, assim como os tipos de fibras musculares descrito acima, são elas:

Unidades motoras lentas

Unidades motoras rápidas e fatigantes

Unidades motoras rápidas e resistentes à fadiga.

Fazendo um paralelo com os tipos de fibra musculares já citados aqui, é fácil perceber a relação direta de comando entre as unidades motoras e as fibras musculares, o que é importante saber é que de acordo com a necessidade do musculo os neurônios alfa ativam as unidades motoras, que por sua vez, ativam as fibras que serão mais necessárias de acordo com o uso do musculo no momento.

 

Ufa, parabéns, você chegou até aqui, que ótimo saber que você se interessa por um conteúdo de qualidade e com base cientifica. Bem, vamos ao nosso questionamento inicial, o que seria melhor, Eletroestimulação neuromuscular ou exercícios resistidos na academia?

A resposta para esse questionamento é

DEPENDE!!!!


Levando em consideração que você agora tem uma boa noção sobre articulação, fibras musculares e unidades motoras, fica fácil entender que a eletroestimulação ira produzir uma contração com base na ativação do maior numero de unidades motoras sem que haja interação e comando do individuo durante a estimulação. Devemos também levar em consideração que na eletroestimulação, pode ou não haver o movimento articular, este movimento dependera das condições articulares previas do individuo. E havendo a necessidade de fortalecimento muscular e recrutamento de algum tipo especifico de fibras musculares, pode se modular os parâmetros da eletroestimulação para os fins desejados.


É sempre melhor quando os exercícios podem ser efetuados de maneira ativa pelo próprio individuo principalmente quando as estruturas anatômicas estão preservadas e podem ser usadas livres de lesão. Por este motivo, os exercícios resistidos na academia são super indicados para os indivíduos que possuem boa saúde articular e neuromuscular.


Entretanto, podendo se aliar os exercícios ativos resistidos, a movimentação articular saudável e a eletroestimulação neuromuscular, teremos então o melhor dos dois mundos, levando a seguinte conclusão: após uma boa avaliação, veremos as suas capacidades estruturais, anatômicas e neurais para prescrever a eletroestimulação isolada, exercícios ativos isolados ou a união das técnicas.



🍀Legal conhecer se a eletroestimulação pode ou não substituir a academia, não é mesmo!

Somos a Bio Postura, trazendo conhecimento e informação com bases científicas sempre. ⁣✅







Fisioterapeuta - Responsável Técnico • CREFITO - 208126-F

 

Referências:

Gomes AC. Eletroneuroestimulação muscular. In: Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva; Oliveira RR, Macedo CSG, organizadores. PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia Esportiva e Traumato-Ortopédica: Ciclo 5. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2016. p. 47-83. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 4).


Modesto KAG, Durigan JLQ. Fortalecimento muscular por estimulação elétrica neuromuscular na fisioterapia traumato-ortopédica. In: Associação Brasileira de Fisioterapia Traumato-Ortopédica; Silva MF, Barbosa RI, organizadores. PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia Traumato-Ortopédica: Ciclo 2. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2019. p. 101–28. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 4).


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